Post by Sire Records on Mar 26, 2016 19:06:04 GMT
Lana Del Rey conversou com Annie Mac, da rádio BBC 1 da e falou sobre seu novo single e novo álbum, influências, “vibe” das músicas. A première de High By The Beach aconteceu durante o programa e o áudio do single foi liberado logo após o fim da entrevista nos serviços de stream e em seu canal no YouTube. Honeymoon também foi reproduzida pela primeira vez na rádio.
ENTREVISTA:
Annie Mac: Senhoras e senhores, por favor recebam Lana Del Rey. Bom te ver!
Lana Del Rey: Oi! Ótimo te ver! (Risos)
É tão bom ouvir você! É muito ousado da minha parte dizer pra você, Lana, que esse álbum voltou muito rápido? Quero dizer, faz um ano desde o último, e estamos acostumados com artistas fazendo uma turnê infinita ao redor do mundo — isso leva algum tempo, mas aqui não foi o caso.
É, quero dizer, eu acho que lancei o primeiro álbum no primeiro mês de 2012 e então veio o Paradise Edition, que teve 9 canções adicionais, um ano depois. Daí tive um tempo maior entre ele e o Ultraviolence, mas eu meio que estive ocupada com outras coisas por 14 ou 15 meses, então pareceu ser um tempo suficiente.
Houve algum momento em que você ficou tipo “deu algo em mim, eu preciso cair fora”?
Não, mas eu sempre quero tirar vantagem de quando me sinto inspirada (risos), porque, sabe, eu não me sinto assim o tempo todo.
E qual foi o ponto inicial desse novo álbum?
Desse novo?
É, desse terceiro álbum.
Eu acho que o ponto de partida foi o término do anterior, então eu não estava me sentindo cansada e me sentindo ainda inspirada, tipo, que eu poderia continuar — eu só queria tirar vantagem disso e ver aonde me levaria. Eu não achei que seria um álbum inteiramente novo, então conforme os meses passaram — acho que lá pra janeiro — eu me dei conta de que tive oito meses pra compor provavelmente 3 músicas principais pro álbum que eu achei muito boas, então pensei que seria muito bom e que poderiam virar um álbum de verdade. Porque, sabe, fazer a masterização da música pode levar muito tempo e pode me tomar uns três meses, então o álbum saiu em junho do ano passado, eu acho, mas eu estive fazendo mixagens por provavelmente oito semanas. Tipo, durante as gravações de áudio é tudo tão técnico que às vezes, na verdade, é um alívio quando você volta pro estúdio e não precisa se preocupar com coisas técnicas e pode se divertir compondo.
Eu não sei como você trabalha em termos de fazer as mixagens de um álbum como os seus, porque cada música, cada estilo, cada sentimento e cada pedaço da música tem que encapsular tanta vibe…
Sim.
E isso não é fácil (risos). Você ter que sentar lá e escrever as palavras e tirar tudo aquilo do seu interior, e gravar na sua cabeça a vibe de uma música como Honeymoon não é fácil…
É, como Honeymoon? Sim, eu acho que é muito específico, ela é muito diferente, tipo essa fluidez retrô que vai pra um tom pesado que vai pra essa distorção, e ter que cantar isso tudo junto pra que tenha esse peso e essa textura.
Essas músicas que te levam pra dentro de si mesmo são bastante… agressivas, se você as ouvir continuadamente…
Sim (risos).
Eu acho isso, e então você as escuta e elas têm esse tom atraente.
Sim, sim, eu acho que elas são meio específicas, o que as tornam um pouco agressivas.
Então um álbum novinho da Lana Del Rey que nos tem deixado animados. E nós temos uma música pra tocar chamada ‘High By The Beach’…
Isso!
Que é uma das músicas mais “chiclete” que eu ouvi ultimamente (risos). Ela é parte de quem você é musicalmente, de quem você criou, mas é quase um som de hip hop.
Um pouquinho, sim, sim.
Então vamos falar da origem de ‘High By The Beach’, de onde a música veio.
Bem, começou pelo refrão. Eu vinha dirigindo muito pela praia e… provavelmente essa é uma das últimas músicas do álbum, e eu gosto do fato de que a melodia do refrão e a harmonia meio que têm essa vibe das Andrews Sisters.
Certo.
Tipo, uma harmonia composta por seis instrumentos e, mesmo com a harmonia, ela soa como um tom só, então… Ela tem esse estranho tom de drone adicionado, daí com a batida ela ganhou essa influência meio trap.
Sim, como as Andrews Sisters se encontrando com o Ludacris (risos).
Isso! (risos) Eu gostei disso.
*Reprodução de High By The Beach*
Essa é do novo álbum da Lana Del Rey, a música é ‘High By The Beach’. Nós temos Lana Del Rey aqui na ‘BBC 1’! É ótimo rever você com música nova, é empolgante para os fãs ao redor de todo o mundo e foi uma adorável surpresa a forma que surgiu “Honeymoon” (single). E… qual é a expectativa nas vésperas de lançar um álbum como esse para o mundo? Porque você pode fazer isso da forma que você quiser agora — você não precisa estar nos topos se não quiser…
Sim.
Você pode decidir colocar a música na sua conta [do YouTube] e incendiar o caminho todo!
Isso é basicamente o que eu faço. Eu não costumo ter muita expectativa, mas eu não fico me perguntando o que pode acontecer, porque eu tenho a minha própria conta no YouTube, e nós colocamos os vídeos no Vevo como de costume, então… Quero dizer, eu gosto de lançar as imagens do clipe primeiro e o clipe depois…
Você está acompanhando os comentários das pessoas ou deixa tudo acontecer a partir daí?
Sim, eu acompanho ao longo da semana e só.
Você recomenda isso pros artistas que estão começando?
Se eles não lerem os comentários, sim! (risos)
A coisa é… Quando eu penso no jeito que as pessoas reagem a sua música, como fãs — comigo incluso — há sempre tanta fascinação sobre as palavras, a composição, a melodia, toda a forma que as músicas soam é intoxicante.
Eu fico feliz por você pensar isso.
Sim, com certeza é assim. E esse tipo de emoção é algo que basicamente faz parte da sua criatividade, do seu lado criativo. Quando você está fazendo música, você já parou por um segundo e pensou: “Como será que isso será recebido? Como as pessoas vão ouvir a isso?”, ou você simplesmente bloqueia tudo?
Eu costumo ter um bom julgamento, mas não em termos do que as outras pessoas vão pensar. Eu tenho um ouvido perspicaz em termos da minha própria estética e do que eu gosto de ouvir, então eu fico tanto do lado de fora quanto do lado de dentro, porque eu já sei que provavelmente não vai ser bom… (risos) Sabe, que vai ser uma coisa ou outra. Mas definitivamente… Tipo, eu tenho músicas que compus e que eu não gosto ou que não me sinto à vontade com o tipo de gênero trabalhado nelas, então eu penso nisso. Constantemente eu componho um monte de canções, mas se elas não se encaixam com o tom do álbum, elas simplesmente são deixadas de lado (risos).
Pra onde as músicas vão?
Elas continuam do estúdio do Rick [Nowels], eu acho (risos).
Você gostaria de voltar e revisitar essas músicas? Você sente que…
Não.
Não? Uau!
Eu não gosto disso.
Eu acho que isso é algo legal, colocar tanta energia em uma música e depois deixá-la ir embora — é legal de um jeito estranho.
É, às vezes — eu acho que por anos — eu pensei que isso era desperdício de tempo, mas agora é mais fácil deixá-las irem embora.
É, como uma forma de intimidade meio mórbida, eu vou tentar isso um dia, de um jeito menos sombrio e depressivo (risos)
Mas em algum momento nos próximos 78, 90, 100 anos, todos nós vamos encontrar a morte — e, você sabe, eu vou encontrar a minha antes de você, tenho certeza (risos) — você não vai ter escolha. Quero dizer, como você se sentiria se as pessoas descobrissem essas músicas depois que você se fosse ou se…
Mas em algum momento nos próximos 78, 90, 100 anos, todos nós vamos encontrar a morte — e, você sabe, eu vou encontrar a minha antes de você, tenho certeza (risos) — você não vai ter escolha. Quero dizer, como você se sentiria se as pessoas descobrissem essas músicas depois que você se fosse ou se…
As outras pessoas?
Sim.
É, eu não ficaria feliz.
Certo.
É, eu não gosto delas.
Então você tem que dar um jeito.
Eu tenho que encontrar uma saída, erradicá-las virtualmente (risos). Eu não sei o que fazer.
Você faria isso? Você as destruiria? Você não pode destruí-las! Você iria longe assim? Sentaria com o Rick num estúdio e diria “delete os arquivos”?
Eu iria, mas sei que o Rick não faria isso — ele odeia se desapegar de qualquer coisa, ele é definitivamente mais sentimental.
*Reprodução de Honeymoon*
Lana, como é estar no limite e ter a necessidade de se expressar e ter que dar vida às músicas… Como é pras pessoas que te escutam e não entendem o mundo artístico da forma que você entende, o que te traz pra esse mundo de um jeito tão intoxicante, pros bons e pros maus momentos?
Eu acho que é diferente pra cada artista, acho que há diferentes tipos de artistas… Eu acho que pra mim era uma forma de atravessar as perguntas que eu tinha e um jeito de passar meu tempo com algo que eu realmente amava fazer. Obviamente quando você está no meio disso é muito diferente do que quando você está no começo de tudo. Mas eu acho que pra mim, os planos e o encanto disso, como você disse, é só a bênção de ser capaz de contar a sua própria história de vida e ser testemunhado — caso isso seja algo importante pra você, mas eu provavelmente acho que é importante pra todo mundo. E daí você é tudo isso e então você supera isso e volta às suas origens e pensa: “Oh, eu ainda gosto de fazer isso? Por que eu ainda estou fazendo isso?”.
Você teve essas dúvidas?
É, eu tive essas dúvidas, e então eu pensei sobre não fazer mais isso e eu… Mesmo se eu estivesse afundando, eu ainda estaria fazendo isso. E foi quando eu me dei conta de que eu provavelmente sempre estarei fazendo isso de alguma forma.
Encontrar essa sinceridade do seu próprio eu e se desafiar, ser o mais verdadeiro possível sobre sua vida e o que você está passando, eu acho que é a maior forma de um sacrifício e presente — sacrifício pra você, presente pro público.
Sim, definitivamente. É um sacrifício de certa forma porque você vai perder várias pessoas que poderiam se tornar conhecidos, e é uma bênção porque o que mais há pra se fazer além de ser verdadeiro consigo mesmo e ver aonde isso vai te levar?
Em alguma ocasião você já foi tentada a manter a compostura ou se manter fiel a si mesma?
Já.
Já te aconteceu isso?
Sim, bem… Quando o primeiro álbum foi lançado, eu tinha uma boa ideia do que eu estava me metendo, mas… Isso não mudou realmente o meu processo de composição, porque eu sempre só tive uma forma — eu não conceptualizo as coisas de um jeito tipo: “oh, como seria o som de tal artista pra que eu possa vender…?”, sabe? Então eu sabia que seria… interessante (risos).
E seus amigos entendem isso? Sua família entende?
Sim, totalmente! Eu não acho que eles entendiam no passado… Mas agora… É um tipo diferente de situação porque você sabe que vai ter muitas críticas e eu acho que muitas pessoas podem dizer coisas, mas… Por que se culpar?
Como você disse: não há escolha, certo?
Bem, definitivamente há uma escolha, mas eu já fiz a minha, então já era! (risos) Não há volta…
Você parece levar as coisas de um jeito como se você tivesse encontrado um equilíbrio entre a atenção que recebe por ser uma artista do seu tipo, ser única. E você parece não dar bola pras coisas — e eu estava dizendo isso pra galera mais cedo que isso é muito legal. Entretanto, tem uma foto sua — e é um tanto rara, eu acho — mas era de você… Sabe do que eu estou falando? (risos)
Sim! (risos)
Por ser alguém lá fora e o quanto as coisas podem ficar óbvias agora…
Sim… (risos)
Você parece lidar com tudo isso muito bem, devo dizer.
Eu faço o possível pra ter bastante tempo pra mim mesma, porque… Eu acho que é quando você toma essa decisão do tipo “okay, eu vou fazer álbuns a cada 15 meses”… Porque eu faço muita turnê também, eu tenho feito uma turnê todo ano pelos últimos 5 anos, sabe, ficando seis, oito meses na estrada. Mas há outros momentos em que, tipo… eu tenho vontade de não fazer nada! (risos)
Sim. E sempre que tem uma foto de você e sua família ou talvez, sabe, algum interesse amoroso, você parece sorrir e ser completamente tipo “eu não dou a mínima!” (risos) Mas isso é muito legal quando só se vê pessoas dizendo “saia da minha frente, cara!” e que têm que lidar com isso de certa forma (risos). Você parece inconsciente disso de forma respeitosa pelo menos. Você parece que não liga para eles algumas vezes…
É, eu os suborno com dinheiro para publicar as fotos em que eu estou sorrindo, e não as que eu estou mandando todos irem embora. Isso ainda é possível.
É mesmo?
Sim, ainda é possível suborná-los. Mas depende do dia.
Eu teria esse problema. Faltaria dinheiro no bolso pra lidar com essa situação.
Ah, não é tão caro assim… (Gargalhadas) Acho que você poderia dar conta.
Outra coisa que as pessoas estão falando neste momento é desse livro fascinante, porque pra mim o James Franco é uma das pessoas mais estranhas e divertidas de todos os tempos. Nunca o conheci, mas algo me diz que aquele cara é hilário!
Bom, eu fiquei surpresa em saber que havia um livro. Acho que eu diria… Ano passado fomos a Coney Island porque eu costumava passar um tempo lá e passei uma hora com ele. Apenas conversando, como se fosse uma entrevista informal. E, sabe, viramos amigos também. E eu sabia que ele queria escrever um livro, e nós conversamos sobre como ele iria abordar, e eu disse: “Olha, não tenho certeza disso”. Ele disse, “E se eu escrevesse um livro fictício sobre conversas sobre nós, que mostrasse um pouco sobre nós dois como pessoas?”.
Conversas que vocês dois nunca tiveram juntos, inventadas por James Franco? (Lana ri) E você disse…
E eu disse, bom, por que não esperamos um pouco? Porque, sabe, é raro encontrar pessoas com quem você se dá bem logo de cara. Nós nos conhecemos e nós somos parecidos. Temos gostos parecidos, objetivos parecidos, gostamos dos mesmos artistas, eu amo todos os filmes que ele fez. Então não sei se é algo que vai acontecer no futuro, mas o livro do qual estão falando agora, quer dizer, eu não o vi. E eu não acho que ele será publicado… (Risos) [Nota: Lana disse num tom de brincadeira]
Pronto, é isso aí! (risos) Acho que conceitualmente…
Bom, conceitualmente é uma ideia bacana. Acho que nós dois queremos estar trabalhando nele juntos e com tempo para se dedicar.
É aí que eu queria chegar. Não sabia até que ponto você estava envolvida no “legal, faça um livro sobre nossas conversas fictícias”.
Bom, se estivesse em outras circunstâncias eu aceitaria, tipo uns anos atrás. Mas como são tempos difíceis… Pra mim.
São tempos difíceis para um livro! (Risos)
São tempos difíceis para uma vadia! Então, seria algo bom de se revisitar. É algo que eu acho que seria uma boa ideia, uma coleção de poesias ou fotografias de ambos.
Você deve ter muita gente vindo atrás de você para escrever livros sobre você.
Mas ele é diferente. Ele é uma pessoa em que eu me almejo artisticamente. Eu diria que essa situação é rara. Mas com certeza há outras situações em que isso acontecerá.
E outros interesses fora da música, você gostaria de se arriscar em outras artes, outras áreas? Porque você tem feito um álbum e uma turnê, um álbum e uma turnê. Sei que essa é sua paixão primária, mas as pessoas às vezes injetam energia em outras coisas e tentam coisas diferentes.
Tenho outros interesses sim, mas não são relacionados à arte. Eles são mais tecnológicos. Nos últimos dez anos herdei isso de meu pai.
Você no ramo de tecnologia de informação?
(Risos) Não exatamente. Por exemplo, gosto do que Elon Musk está fazendo com o SpaceX. Apenas vendo onde isso chegará. Porque tecnologicamente estamos avançando tão rapidamente, não quero perder nada. Sinto que estamos na crista da onda, assim como estávamos na década de 60, mas de forma diferente.
Você já teve a oportunidade de conversar com Elon sobre isso?
Já.
Uau! Como foi isso?
Foi incrível, um dos melhores dias da minha vida.
Bom, e a última pergunta tem a ver com o fato de que você o conheceu, o homem das muitas respostas. Como estamos?
Acho que é mais sobre como vamos fazer se não estivermos indo bem. E acho que é essa a resposta que ele está tentando prover. Enquanto isso, acho que se você for capaz de fazer o que gosta de fazer, faça. É que eu estou tentando fazer enquanto estou aqui. Mas às vezes minha cabeça está nas nuvens, ou até mais longe que isso.
Lana, como é estar no limite e ter a necessidade de se expressar e ter que dar vida às músicas… Como é pras pessoas que te escutam e não entendem o mundo artístico da forma que você entende, o que te traz pra esse mundo de um jeito tão intoxicante, pros bons e pros maus momentos?
Eu acho que é diferente pra cada artista, acho que há diferentes tipos de artistas… Eu acho que pra mim era uma forma de atravessar as perguntas que eu tinha e um jeito de passar meu tempo com algo que eu realmente amava fazer. Obviamente quando você está no meio disso é muito diferente do que quando você está no começo de tudo. Mas eu acho que pra mim, os planos e o encanto disso, como você disse, é só a bênção de ser capaz de contar a sua própria história de vida e ser testemunhado — caso isso seja algo importante pra você, mas eu provavelmente acho que é importante pra todo mundo. E daí você é tudo isso e então você supera isso e volta às suas origens e pensa: “Oh, eu ainda gosto de fazer isso? Por que eu ainda estou fazendo isso?”.
Você teve essas dúvidas?
É, eu tive essas dúvidas, e então eu pensei sobre não fazer mais isso e eu… Mesmo se eu estivesse afundando, eu ainda estaria fazendo isso. E foi quando eu me dei conta de que eu provavelmente sempre estarei fazendo isso de alguma forma.
Encontrar essa sinceridade do seu próprio eu e se desafiar, ser o mais verdadeiro possível sobre sua vida e o que você está passando, eu acho que é a maior forma de um sacrifício e presente — sacrifício pra você, presente pro público.
Sim, definitivamente. É um sacrifício de certa forma porque você vai perder várias pessoas que poderiam se tornar conhecidos, e é uma bênção porque o que mais há pra se fazer além de ser verdadeiro consigo mesmo e ver aonde isso vai te levar?
Em alguma ocasião você já foi tentada a manter a compostura ou se manter fiel a si mesma?
Já.
Já te aconteceu isso?
Sim, bem… Quando o primeiro álbum foi lançado, eu tinha uma boa ideia do que eu estava me metendo, mas… Isso não mudou realmente o meu processo de composição, porque eu sempre só tive uma forma — eu não conceptualizo as coisas de um jeito tipo: “oh, como seria o som de tal artista pra que eu possa vender…?”, sabe? Então eu sabia que seria… interessante (risos).
E seus amigos entendem isso? Sua família entende?
Sim, totalmente! Eu não acho que eles entendiam no passado… Mas agora… É um tipo diferente de situação porque você sabe que vai ter muitas críticas e eu acho que muitas pessoas podem dizer coisas, mas… Por que se culpar?
Como você disse: não há escolha, certo?
Bem, definitivamente há uma escolha, mas eu já fiz a minha, então já era! (risos) Não há volta…
Você parece levar as coisas de um jeito como se você tivesse encontrado um equilíbrio entre a atenção que recebe por ser uma artista do seu tipo, ser única. E você parece não dar bola pras coisas — e eu estava dizendo isso pra galera mais cedo que isso é muito legal. Entretanto, tem uma foto sua — e é um tanto rara, eu acho — mas era de você… Sabe do que eu estou falando? (risos)
Sim! (risos)
Por ser alguém lá fora e o quanto as coisas podem ficar óbvias agora…
Sim… (risos)
Você parece lidar com tudo isso muito bem, devo dizer.
Eu faço o possível pra ter bastante tempo pra mim mesma, porque… Eu acho que é quando você toma essa decisão do tipo “okay, eu vou fazer álbuns a cada 15 meses”… Porque eu faço muita turnê também, eu tenho feito uma turnê todo ano pelos últimos 5 anos, sabe, ficando seis, oito meses na estrada. Mas há outros momentos em que, tipo… eu tenho vontade de não fazer nada! (risos)
Sim. E sempre que tem uma foto de você e sua família ou talvez, sabe, algum interesse amoroso, você parece sorrir e ser completamente tipo “eu não dou a mínima!” (risos) Mas isso é muito legal quando só se vê pessoas dizendo “saia da minha frente, cara!” e que têm que lidar com isso de certa forma (risos). Você parece inconsciente disso de forma respeitosa pelo menos. Você parece que não liga para eles algumas vezes…
É, eu os suborno com dinheiro para publicar as fotos em que eu estou sorrindo, e não as que eu estou mandando todos irem embora. Isso ainda é possível.
É mesmo?
Sim, ainda é possível suborná-los. Mas depende do dia.
Eu teria esse problema. Faltaria dinheiro no bolso pra lidar com essa situação.
Ah, não é tão caro assim… (Gargalhadas) Acho que você poderia dar conta.
Outra coisa que as pessoas estão falando neste momento é desse livro fascinante, porque pra mim o James Franco é uma das pessoas mais estranhas e divertidas de todos os tempos. Nunca o conheci, mas algo me diz que aquele cara é hilário!
Bom, eu fiquei surpresa em saber que havia um livro. Acho que eu diria… Ano passado fomos a Coney Island porque eu costumava passar um tempo lá e passei uma hora com ele. Apenas conversando, como se fosse uma entrevista informal. E, sabe, viramos amigos também. E eu sabia que ele queria escrever um livro, e nós conversamos sobre como ele iria abordar, e eu disse: “Olha, não tenho certeza disso”. Ele disse, “E se eu escrevesse um livro fictício sobre conversas sobre nós, que mostrasse um pouco sobre nós dois como pessoas?”.
Conversas que vocês dois nunca tiveram juntos, inventadas por James Franco? (Lana ri) E você disse…
E eu disse, bom, por que não esperamos um pouco? Porque, sabe, é raro encontrar pessoas com quem você se dá bem logo de cara. Nós nos conhecemos e nós somos parecidos. Temos gostos parecidos, objetivos parecidos, gostamos dos mesmos artistas, eu amo todos os filmes que ele fez. Então não sei se é algo que vai acontecer no futuro, mas o livro do qual estão falando agora, quer dizer, eu não o vi. E eu não acho que ele será publicado… (Risos) [Nota: Lana disse num tom de brincadeira]
Pronto, é isso aí! (risos) Acho que conceitualmente…
Bom, conceitualmente é uma ideia bacana. Acho que nós dois queremos estar trabalhando nele juntos e com tempo para se dedicar.
É aí que eu queria chegar. Não sabia até que ponto você estava envolvida no “legal, faça um livro sobre nossas conversas fictícias”.
Bom, se estivesse em outras circunstâncias eu aceitaria, tipo uns anos atrás. Mas como são tempos difíceis… Pra mim.
São tempos difíceis para um livro! (Risos)
São tempos difíceis para uma vadia! Então, seria algo bom de se revisitar. É algo que eu acho que seria uma boa ideia, uma coleção de poesias ou fotografias de ambos.
Você deve ter muita gente vindo atrás de você para escrever livros sobre você.
Mas ele é diferente. Ele é uma pessoa em que eu me almejo artisticamente. Eu diria que essa situação é rara. Mas com certeza há outras situações em que isso acontecerá.
E outros interesses fora da música, você gostaria de se arriscar em outras artes, outras áreas? Porque você tem feito um álbum e uma turnê, um álbum e uma turnê. Sei que essa é sua paixão primária, mas as pessoas às vezes injetam energia em outras coisas e tentam coisas diferentes.
Tenho outros interesses sim, mas não são relacionados à arte. Eles são mais tecnológicos. Nos últimos dez anos herdei isso de meu pai.
Você no ramo de tecnologia de informação?
(Risos) Não exatamente. Por exemplo, gosto do que Elon Musk está fazendo com o SpaceX. Apenas vendo onde isso chegará. Porque tecnologicamente estamos avançando tão rapidamente, não quero perder nada. Sinto que estamos na crista da onda, assim como estávamos na década de 60, mas de forma diferente.
Você já teve a oportunidade de conversar com Elon sobre isso?
Já.
Uau! Como foi isso?
Foi incrível, um dos melhores dias da minha vida.
Bom, e a última pergunta tem a ver com o fato de que você o conheceu, o homem das muitas respostas. Como estamos?
Acho que é mais sobre como vamos fazer se não estivermos indo bem. E acho que é essa a resposta que ele está tentando prover. Enquanto isso, acho que se você for capaz de fazer o que gosta de fazer, faça. É que eu estou tentando fazer enquanto estou aqui. Mas às vezes minha cabeça está nas nuvens, ou até mais longe que isso.